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Psicologia Integrativa e Direito

Psicologia Integrativa e Direito

O senhor…Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.  Afinam ou desafinam.  Verdade maior.  É o que a vida me ensinou.  Isso que me alegra, montão.”

Rosa, João Guimarães. Grande Sertão Veredas. 20.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 21.

Para a psicologia integrativa, o que é uma pessoa adulta, plena física, mental, social e espiritualmente? 

A Psicologia Integrativa, na prática clínica, busca ampliar sua abordagem diante de um cliente de forma a ajudá-lo a perceber que seu problema não é do pescoço para cima, não é na “cabeça doutora”, mas é no corpo, no ambiente e vida social, em suas emoções e memórias e, para quem crê, em sua vida espiritual.  

Ser pleno é um processo.  Faz-se permanentemente ao analisar os aspectos cotidianos trazidos na primeira fala, na cultura, na vida política e econômica onde esta pessoa está inserida incluindo seu universo relacional.  

Conta-se que se perguntou a um velho humilde sábio chinês se ele aceitaria se tornar imperador.  Ele respondeu que primeiro escreveria um dicionário para poder ser compreendido e compreender o que se fala.  Essa pequena história mostra o quanto é importante sentir-se autor de sua história, ser ouvido e compreendido, ser acolhido, ser validado em suas colocações para poder sentir-se preparado no exercício da governança de um povo.   

De que estamos falando quando procuramos integrar a psicologia com outras áreas da vida em sociedade? Na base desta conversa, temos o conceito de liberdade individual como livre arbítrio, liberdade de escolha e igualdade de tratamento.  Quando falamos em direitos da pessoa a preposição “da” é muito importante, o mesmo quando falamos em psicologia do indivíduo, do casal ou da família.  Ouvir a pessoa inclui o seu lugar no mundo, o seu status social, o pertencimento de e onde, o seio familiar, sociedade, tempo e espaço de suas vivências e memórias, enfim toda a sua história e arcabouço que sustenta este indivíduo.    

A saúde mental é direito de todos e inclui o cuidado com o corpo, a recuperação e a inserção na família e no ambiente social. Já era tempo de a psicologia clínica incorporar direitos definidos em lei ainda que em constante desenvolvimento e aperfeiçoamento, pois ainda faltam definições reguladoras mais detalhadas. A Psicologia assim integra o direito à vida saudável em sentido amplo.  

Dentre os temas que os psicólogos debatem também estão as discriminações raciais, de gênero, de etnia e outras.  Na história brasileira, houve e ainda há distorções de valores como de liberdade, igualdade e direitos individuais, e mal se definem os direitos civis, o direito de acesso à educação, direitos do consumidor e políticos.  O psicólogo precisa estar atento em sua prática para não ser contaminado por uma visão disfuncional que não reconhece o trauma, que segrega, hierarquiza ou limita a compreensão da dor profunda do cliente.  A dignidade da pessoa precisa ser o primeiro elemento de uma relação saudável que respeita a origem, a cor, a língua, a religião, a cultura e a história do cliente, sem o que nunca estaremos ajudando a iluminar o caminho para a construção de um adulto consciente de si e participativo em uma sociedade em atividade infindável pelo aprimoramento, pois sem saúde coletiva não existe saúde individual plena. Trata-se de um processo de interdependência.  

A Declaração de Direitos Humanos fala indiretamente em Psicologia Integrativa quando defende direitos de igualdade, liberdade, segurança e busca da felicidade.  Valores que perseguimos. 

Certa vez ao atender uma jovem vítima de violência doméstica levei-a a ler a Lei Maria da Penha e como foi importante a conhecimento de que ela estava exatamente neste lugar de trauma e de dor reconhecido pela sociedade e definido em lei, merecia ser ouvida, o que a possibilitou assumir uma postura consciente e assertiva de seu papel na sociedade.  Por isto, a Psicologia Integrativa traz a proposta de ampliar o seu olhar, com olhos de ver profunda e amplamente o que se passa com quem sofre. 

Falamos em processo, em validação e acolhimento, e pregamos a visão de saúde da Organização Mundial de Saúde que inclui os aspectos físico, mental e social. Nosso empenho tem sido perseguir cada vez mais uma ideia de prática clínica integrada a outras áreas, incluindo o Direito.