“Curar, algumas vezes, aliviar, frequentemente, confortar sempre.”
KOENING.
Relembrando o que já foi dito à respeito da Psicologia Integrativa, a psicoterapia baseada nesse paradigma refere-se a um novo olhar para o cliente, global e integrativo, em seus aspectos afetivo, comportamental, cognitivo, fisiológico e espiritual. Como psicoterapia visa, portanto, a saúde integral e o sentido da vida, a contemplação do ser humano em suas múltiplas e indissociáveis dimensões, podendo ser entendida como uma “psicoterapia com alma”.
Para isso, é importante compreender a diferenciação entre espiritualidade e religião. A espiritualidade é uma parte complexa e multidimensional da experiência humana, abrangendo aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais. A religiosidade representa a expressão institucional, formal, doutrinal, enquanto a espiritualidade é uma expressão individual, subjetiva, interna e não sistemática; uma relação pessoal com o transcendental. Muitos encontram a espiritualidade através da religião, outros através de uma conexão com a natureza, a música, ou as artes, através de valores e princípios.
Muitos estudos tem evidenciado uma associação positiva entre espiritualidade/religião com a saúde física e mental. Estamos falando, portanto, de uma quebra de paradigma do modelo biomédico, uma nova era de cuidados psicológicos, culturalmente sensíveis à pessoa como um todo. Exemplo disso, é a inclusão hoje em cursos de medicina e, provavelmente em cursos de psicologia no futuro, disciplinas que contemplem essa dimensão.
Dentro de um contexto clínico, é necessário definir a espiritualidade de forma mais ampla possível, para que todos os pacientes vejam-se compreendidos em suas necessidades espirituais, as quais, sem dúvida, extrapolam o limite do biológico, social e psicológico. Sabemos o quanto as crenças e emoções positivas podem auxiliar o paciente a manter a esperança e a motivação para o autocuidado em meio a situações adversas de vida.
Nesse sentido, alguns autores chamam a atenção para a necessidade de inclusão de um histórico espiritual dentro da anamnese clínica, com o objetivo de identificar necessidades espirituais que podem influenciar o tratamento dos pacientes. Isso não significa prescrever religião para pacientes não religiosos, mas apenas compreender e respeitar suas demandas nessa questão. Na psicoterapia integrativa crenças positivas podem ser utilizadas como fonte de recurso interno do paciente, oportunizando um senso de controle e auxílio na rápida adaptação à situações difíceis. E crenças negativas, fonte de angústia, também podem ser trabalhadas e redefinidas, trazendo conforto ao cliente.